Scott Spiegel transforma Evil Dead II e muda o rumo do terror no cinema

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“Evil Dead II”, lançado em 1987, virou referência mundial de terror cômico. O resultado, no entanto, não se deve apenas à direção de Sam Raimi. O roteirista Scott Spiegel, falecido recentemente aos 67 anos, foi peça central na virada criativa que deu novo fôlego à franquia e ajudou a definir um subgênero que mistura sustos e humor físico.

Da frustração ao acerto: a origem do projeto

Depois de “The Evil Dead” (1981) ter tido desempenho fraco nas bilheterias dos Estados Unidos, Raimi e Spiegel buscavam um caminho para se firmar em Hollywood. Segundo relatos do próprio diretor, ambos enfrentavam dificuldades após o fracasso comercial da comédia “Crimewave” (1985). A oportunidade surgiu quando o produtor Dino De Laurentiis ofereceu US$ 3,6 milhões para uma sequência. Esse valor, viabilizado com a ajuda de Stephen King, abriu espaço para a dupla reimaginar o material original.

Durante a escrita, Spiegel sugeriu abandonar o terror puro do primeiro filme e apostar numa abordagem que lembrasse suas antigas produções em 8 mm, marcadas por referências aos Três Patetas. A proposta convenceu Raimi. Como resultado, o roteiro combinou cenas gore com gags de humor físico, criando o tom irreverente que tornou a continuação um clássico cult.

Cortes de orçamento moldaram a narrativa

Mesmo com o aporte de De Laurentiis, muitas ideias iniciais foram descartadas. Entre elas, a presença de prisioneiros foragidos em busca de tesouro e uma ligação direta com “Army of Darkness”, terceiro filme da série. Para caber no orçamento, Spiegel e Raimi reduziram o elenco no início da trama a apenas Ash (Bruce Campbell) e Linda (Denise Bixler). A limitação financeira, porém, acabou reforçando a tensão e destacando o protagonista em cenas icônicas, como a luta contra a própria mão possuída.

Influência dos curtas e do slapstick

Boa parte das sequências humorísticas nasceu de esquetes que Spiegel já havia filmado. A batalha de Ash contra a mão, por exemplo, adapta a sátira “Attack of the Helping Hand”, produzida pelo roteirista anos antes. Ao integrar essas gags com efeitos práticos de maquiagem e litros de sangue cenográfico, a produção alcançou um equilíbrio raro entre horror e comédia, ainda citado em debates acadêmicos sobre gênero.

Especialistas em cinema de terror apontam que “Evil Dead II” ampliou as possibilidades do estilo splatter, influenciando títulos posteriores como “Dead Alive”, de Peter Jackson, e “Arraste-me para o Inferno”, do próprio Raimi. Relatórios de mercado indicam que o filme rendeu cerca de US$ 6 milhões apenas nos EUA, valor modesto, porém suficiente para garantir longevidade à franquia e alimentar uma base de fãs engajada.

Trajetória de Spiegel após o sucesso

Após “Evil Dead II”, Spiegel dirigiu o slasher “Intruder” (1989), que marcou a estreia de Lawrence Bender como produtor. O roteirista também apresentou Bender a Quentin Tarantino, então atendente de videolocadora. Essa rede de contatos gerou parcerias nos anos seguintes: Spiegel dirigiu “From Dusk Till Dawn 2”, “My Name Is Modesty” e “Hostel Part III” sob a chancela do cineasta vencedor do Oscar.

Dentro da indústria, Spiegel era conhecido pelo bom humor e por pregar peças nos colegas. Episódios descritos por amigos incluem trotes em Ethan Coen e convivência em uma casa que abrigou futuros premiados como Joel Coen, Frances McDormand e Kathy Bates. Apesar do prestígio nos bastidores, ele manteve perfil discreto, envolvido em projetos de médio orçamento e consultorias de roteiro.

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Imagem: Internet

Impacto para o público e para o mercado

Para o espectador, a mistura de terror visceral e comédia pastelão tornou “Evil Dead II” um filme acessível até para quem evita produções de horror puro. No mercado, o título abriu caminho para que estúdios experimentassem narrativas híbridas, investindo em tramas que equilibram sustos e risadas. Segundo analistas, esse formato ampliou o público-alvo, favorecendo bilheterias de long tail em home video, TV a cabo e, mais tarde, streaming.

A morte de Spiegel reacende discussões sobre a importância de colaboradores muitas vezes ofuscados pelo nome do diretor. Para quem acompanha a evolução do gênero, reconhecer a contribuição de roteiristas é fundamental para entender como ideias inovadoras chegam à tela e moldam tendências.

Curiosidade

Antes de criar a célebre sequência da mão possessiva, Scott Spiegel filmou um curta em que o mascote da embalagem de Hamburger Helper atacava uma dona de casa. A ideia absurdamente cômica serviu de laboratório para o humor físico que dominaria “Evil Dead II”, provando que, no cinema, pequenos experimentos podem gerar cenas antológicas.

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