Mulher injeta aranha viúva-negra e vai parar na UTI após forte reação

Casa Inteligente

Uma correspondência publicada em 1996 na revista Annals of Emergency Medicine detalha um caso extremo ocorrido nos Estados Unidos no início da década de 1990. Uma mulher de 37 anos triturou uma aranha viúva-negra inteira, misturou o material a 10 mililitros de água destilada e injetou a solução com o objetivo de “ficar alta”. A experiência terminou com internação em unidade de terapia intensiva (UTI) e vários dias de tratamento intensivo.

O caso clínico

Segundo o relato dos médicos californianos responsáveis pelo atendimento, aproximadamente uma hora após a injeção a paciente chegou ao pronto-socorro com câimbras musculares intensas no abdômen, nas coxas e na região lombar, além de cefaleia e ansiedade. Na admissão, a frequência cardíaca registrava 188 batimentos por minuto e a pressão arterial atingia 188/108 mmHg, valores muito acima dos níveis considerados saudáveis.

Para conter a dor, a equipe administrou morfina, mas logo surgiram dificuldades respiratórias. Diante do quadro, a paciente foi transferida para a UTI, onde permaneceu por alguns dias sob suporte respiratório e medicações direcionadas ao controle dos sintomas.

Efeitos do veneno e tratamento

Os médicos atribuem grande parte da gravidade do quadro à quantidade de veneno de viúva-negra que provavelmente entrou na circulação sanguínea após a injeção. Estudos laboratoriais mostram que a toxina da espécie é, em média, 15 vezes mais potente que a do cascavel, embora as aranhas normalmente só inoculem pequenas doses ao picar em situação de defesa.

No caso descrito, a vítima usou o animal inteiro, expondo-se não apenas à toxina, mas também a proteínas presentes no corpo da aranha que podem desencadear reações alérgicas. Os profissionais que assinaram o artigo levantam a hipótese de que um desses componentes tenha provocado broncoconstrição, fator que agravou a dispneia, especialmente porque a paciente já tinha histórico de asma.

A partir da estabilização clínica, o estado geral evoluiu favoravelmente. Após alguns dias, a paciente recebeu alta hospitalar e, em consulta de revisão realizada um mês depois, apresentava-se sem sequelas aparentes.

Risco real de experiências caseiras

Casos de automedicação ou uso recreativo de substâncias de origem animal ou vegetal não controladas fazem parte de um fenômeno histórico: a busca por alterações de consciência por meios naturais. No entanto, o episódio reforça que nem todo composto encontrado na natureza é seguro para consumo humano.

Embora picadas de viúva-negra raramente sejam fatais em adultos saudáveis, podem provocar dor intensa, sudorese, náuseas e espasmos musculares. Crianças, idosos e pessoas com doenças pré-existentes compõem o grupo de maior risco de evolução grave. A exposição deliberada a doses massivas, como a que ocorreu nesse incidente, potencializa todos os perigos.

Para acompanhar outras novidades do mundo científico e tecnológico, acesse a seção de Tecnologia no nosso portal.

Em resumo, a tentativa de obter um efeito psicoativo por meio de uma mistura improvisada com aranha viúva-negra resultou em hipertensão grave, taquicardia, insuficiência respiratória e internação em UTI. O caso serve de alerta sobre os riscos de práticas experimentais sem respaldo médico. Se precisar de informações sobre segurança em saúde ou primeiros socorros, procure fontes confiáveis e, diante de qualquer emergência, acione imediatamente o serviço de urgência.

Curiosidade

Embora a viúva-negra seja conhecida pelo potencial tóxico, apenas as fêmeas apresentam glândulas de veneno em quantidade capaz de afetar humanos. Curiosamente, esses animais preferem evitar o confronto e liberam a toxina somente quando se sentem ameaçados. Em ambientes naturais, a aranha passa grande parte do tempo imóvel na teia, esperando presas como mosquitos e pequenos insetos. Assim, acidentes ocorrem, na maioria das vezes, quando alguém tenta manipular o animal ou invade seu esconderijo sem perceber.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *