A possível presença de um corpo celeste ainda não catalogado volta a ganhar força na comunidade científica. Um grupo de astrônomos sugere que um planeta com massa entre a de Mercúrio e a da Terra pode estar orbitando o Sol a uma distância que varia de 100 a 200 unidades astronômicas (UA), região muito além da órbita de Netuno.
Hipótese de um novo planeta
A teoria, apresentada em artigo aceito para publicação no Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, refere-se a um objeto provisoriamente chamado de “Planeta Y”. A designação distingue-o do “Planeta 9”, hipótese mais antiga que envolve um planeta maior, situado a pelo menos 300 UA. Segundo os autores, o Planeta Y explicaria uma inclinação detectada no plano orbital dos objetos transnetunianos (TNOs), corpos que orbitam além de Netuno e incluem desde cometas até mundos anões.
Evidências observacionais
Os pesquisadores analisaram a órbita de TNOs localizados entre 50 e 400 UA. Para evitar interferências gravitacionais, foram excluídos os objetos em ressonância com Netuno, como aqueles que completam um giro em torno do Sol a cada dez órbitas do gigante de gelo. O resultado apontou ausência de distorção no intervalo de 50 a 80 UA, mas revelou um desvio sistemático de cerca de 15 graus nos grupos de 80 a 200 UA e de 80 a 400 UA.
Segundo cálculos estatísticos, há apenas 2% de probabilidade de esse desvio ser fruto do acaso. Caso o fenômeno não seja aleatório, um planeta com massa próxima à terrestre seria a explicação mais plausível. Um corpo do tamanho de Plutão até poderia produzir efeito semelhante, mas não corresponde ao cenário preferido pelos autores. Por outro lado, um planeta maior que a Terra provocaria distorção também na faixa de 50 a 80 UA e, provavelmente, já teria sido detectado por levantamentos anteriores.
Perspectivas de confirmação
A existência do Planeta Y poderá ser testada nos próximos anos com a entrada em operação do Observatório Vera C. Rubin, no Chile. Seu principal programa, o Legacy Survey of Space and Time (LSST), realizará um mapeamento profundo do céu austral por uma década. Os pesquisadores afirmam que, se o objeto estiver dentro do campo de visão do telescópio, deverá ser identificado durante esse levantamento. Mesmo que não seja localizado diretamente — por exemplo, caso se encontre em latitude eclíptica elevada — o LSST deverá refinar o entendimento sobre a inclinação média do Cinturão de Kuiper, contribuindo para confirmar ou refutar a hipótese.
A ideia de mundos desconhecidos no Sistema Solar não é nova. Antes mesmo da reclassificação de Plutão como planeta anão, buscava-se o chamado “Planeta X”, referência tanto à incógnita matemática quanto ao número romano dez. Com a proposta do Planeta 9, essa nomenclatura foi atualizada. Agora, a sugestão de um Planeta Y amplia o debate sobre quantos corpos de grande porte podem existir nas regiões mais distantes do Sol.

Imagem: NazariiNeshcherenskyi
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Em síntese, o desvio de 15 graus observado na distribuição de objetos transnetunianos reforça a possibilidade de um planeta ainda invisível aos telescópios atuais. A chegada de novos instrumentos de observação promete esclarecer, em poucos anos, se o Planeta Y é uma realidade ou apenas mais um capítulo das especulações sobre os confins solares. Fique atento às atualizações e compartilhe este artigo com quem se interessa por astronomia.
Curiosidade
Se confirmado, o Planeta Y levaria de 1 000 a 2 000 anos para completar uma volta em torno do Sol, devido à distância extrema. Mesmo sendo potencialmente do tamanho da Terra, sua luminosidade seria muito fraca, exigindo telescópios de última geração para detectá-lo. A órbita longa implica temperaturas extremamente baixas, possivelmente abaixo de –200 °C. Além disso, o objeto poderia ajudar a explicar anomalias na migração de cometas de longo período, oferecendo pistas sobre a dinâmica do Cinturão de Kuiper.
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