Alicia Vikander reconhece que “A Garota Dinamarquesa” envelheceu mal e reacende debate sobre representatividade

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Alicia Vikander afirmou que “A Garota Dinamarquesa” (2015) soa “extremamente datado” quase dez anos após sua estreia. A declaração foi feita em entrevista à edição britânica da revista Vogue, reacendendo a discussão sobre a escolha de um ator cisgênero para viver uma mulher trans e sobre a evolução da representatividade nos grandes estúdios.

Filme premiado, mas alvo de questionamentos

Dirigido por Tom Hooper e lançado nos cinemas brasileiros em 11 de fevereiro de 2016, “A Garota Dinamarquesa” retrata a história real de Lili Elbe, considerada a primeira pessoa a passar por cirurgia de redesignação de gênero. No longa, Eddie Redmayne interpreta Lili, enquanto Vikander vive Gerda Wegener, esposa do artista antes da transição.

A obra conquistou quatro indicações ao Oscar 2016 e rendeu a Vikander a estatueta de Melhor Atriz Coadjuvante. Apesar do reconhecimento, cresceu a crítica à produção por não ter escalado uma atriz trans para o papel principal. À época, grupos de defesa de direitos LGBTQIA+ argumentaram que a decisão do estúdio restringiu oportunidades para artistas trans e reforçou barreiras históricas em Hollywood.

Declarações recentes do elenco

No diálogo com a Vogue, Vikander declarou: “Sou a primeira a dizer que o filme parece extremamente datado, e isso é positivo. Naquele momento, foi uma mudança radical que colocou o tema em discussão. Espero que tenha aberto caminho para outras obras tratarem da questão”.

Não é a primeira vez que integrantes do elenco admitem desconforto com escolhas criativas do projeto. Em 2021, Redmayne disse ao jornal The Sunday Times que não aceitaria novamente o papel de Lili Elbe. “Fiz o filme com as melhores intenções, mas hoje entendo que foi um erro”, afirmou o ator britânico.

Impacto e legado

Além da polêmica sobre escalação, o filme foi censurado em cinco países do Oriente Médio logo após o lançamento. O episódio gerou repercussão internacional e expôs divergências culturais na recepção de narrativas trans. Ainda assim, o drama arrecadou cerca de US$ 64 milhões mundialmente e ajudou a popularizar a história de Lili Elbe para um público amplo.

Segundo críticos de cinema, o reconhecimento acadêmico e comercial de “A Garota Dinamarquesa” impulsionou a produção de roteiros centrados em personagens trans. Nos últimos anos, títulos como “Pose”, “Disclosure” e “Meu Nome é Bagdá” apresentaram elencos trans em papéis de destaque, refletindo mudanças que parte da indústria passou a incorporar.

A evolução da representação trans na mídia

Organizações como GLAAD monitoram a presença de personagens LGBTQIA+ em produções audiovisuais. O relatório mais recente indica crescimento gradual de atores trans escalados para interpretar suas próprias identidades, embora a fatia permaneça inferior à de personagens cisgêneros. Para especialistas, declarações públicas de nomes premiados, como Vikander, contribuem para manter o tema na agenda de estúdios e plateias.

Em paralelo, plataformas de streaming ampliaram a oferta de histórias trans, reduzindo a dependência de grandes distribuidoras. Críticos apontam que a combinação de demanda do público, pressão de grupos sociais e a disposição de atores consagrados em reconhecer falhas anteriores acelera a adoção de práticas mais inclusivas.

Se você se interessa por discussões sobre diversidade no entretenimento, vale conferir outras matérias disponíveis na seção de cultura e mídia do site Remanso Notícias.

Ao admitir que “A Garota Dinamarquesa” não corresponde mais às expectativas contemporâneas, Alicia Vikander ecoa um movimento de revisão de escolhas de elenco na última década. O episódio reforça que o debate sobre representatividade permanece central para artistas, produtores e audiência. A tendência aponta para um cenário em que papéis trans sejam cada vez mais interpretados por atores trans, aproximando ficção e realidade.

Curiosidade

Lili Elbe faleceu em 1931, poucos meses após uma das cirurgias de confirmação de gênero. Ela solicitou, ainda em vida, que suas memórias fossem publicadas, resultando no livro “Man Into Woman”, considerado um dos primeiros relatos autobiográficos de uma pessoa trans. O texto serviu de inspiração para roteiros, estudos acadêmicos e segue influenciando discussões sobre identidade de gênero até hoje.

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